sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Ácaros em granjas de postura comercial no Rio Grande do Sul Brasil Megninia ginglkymura

No Rio Grande do Sul constatei a presença de Megninia ginglkymura ácaro este que se alimenta de penas e pele da ave , durante a primavera do ano de 2011. Lotes de aves de postura comercial apresentavam o seguinte histórico e quadro clínico.
Poedeiras comerciais criadas em galpões convencionais com 5.000 aves por aviário apresentavam uma falta de pique na produção de 8 a 12%. Essas aves vinham sendo medicadas com mais variados antibióticos, mudança de fórmula de ração e Premix, acaricidas via ração e nada respondeu.
Convém lembrarmos que foram aves bem criadas sem nada de doenças ou erro de manejo na cria e recria, as vacinações abrangeram o desafio da região e também foram bem feitas, foi constatado também que fazia aproximadamente 18 meses que nessa granja a produção máxima era de 88% e depois caí para 78% a 80% depois voltava aproximadamente 84%.
Uma das dificuldades de constatarmos a presença deste ácaro é por ter 1/2 milímetro, a outra é que não vai para o ovo, e nem para o equipamento.
As aves que tinham idade acima de 50 semanas apresentavam um aspecto de aves no mínimo pior do que o dobro da idade, ou seja, mal empenadas e com as faces enrugadas. É claro que este aspecto da face é possível quando já vem a muitos meses infestados, em aves jovens com infestação recente não foi observado.
Até que chegou o ponto em que fomos acionados devidos há falta de pique em 10.000 aves com 36 semanas de idade e a produção foi caindo e chegou a 36% . Nesse instante essas aves já apresentavam um aspecto tristonho, apáticas  o bico e a crista apresentavam uma coloração amarelada forte.
Coletamos penas do lombo (costas ), de baixo das asas e nas asas na parte interna. As penas coletadas, foram montadas lâminas e lamínula.
Nesse exame foi constatado a intensa presença de ácaros e 90% aproximadamente eram Megninia ginglkymura machos, fêmeas ovo, larva e ninfa.
Ao voltarmos á granja molhamos algumas aves e vimos a olho nu a severa dermatite com a pele mais espessa e crosta. Os ácaros que pertencem a família dos aracnídeos tem 8 pernas enquanto que o piolho que pertence á família dos insetos tem 6 pernas. Falo isso porque os piolhos levam a culpa de quase tudo e na verdade o grande causador do estrago em poedeiras é o ácaro e o microscópio que hoje é um acesso fácil, nos facilita para diferenciar.
Esses ectoparasitas mudam seu ciclo de acordo com a temperatura que é de extrema importância que agente saiba para dar os banhos, que nesse caso tem que ser 3. Quando a temperatura vai de 0 a 9 graus, o ovo não continua o ciclo de 10 a 15 graus o ciclo é de 12 dias, de 16 a 20 graus o ciclo é de 7 dias e nas estações que a infestação é maior  na primavera e verão com temperatura acima de 20° C o ciclo é 5 dias. (Peter Dorn- 1973 )
Foi usado produto que na composição do mesmo frasco tem associado cipermetrina 15%, clorpirifos 25% e citronelal 1%, na dosagem de 50 ml por 20 litros de água mais 50 ml de óleo mineral ou óleo de cozinha.
Quando fomos dar a terceira aplicação a produção já estava reagindo e o aspecto da ave bem melhor, da primeira aplicação até 20 dias após , a produção foi a 92% com isso chegamos a conclusão  que o agente causador da falta de pique e queda era a Megninia ginglkymura. Nesta granja foi aplicado com aplicador costal manual e também elétrica.
Depois dessa granja que nos abriu a mente e os olhos  começamos a vistoriar outras granjas. Em duas granjas em um total de nove granjas, tem galpão automático . E como estávamos na primavera a correria foi grande já que o intervalo de cinco dias aonde vários aviários estavam infestados porque tivemos que treinar uma equipe e planejando para que o mínimo possível caísse em um domingo. Nessas granjas foi adquirido atomizadores motor 2 tempo.
Desta maneira agilizou no mínimo em até 4 vezes o tempo da aplicação e também ficou mais bem feito porque junto com a solução sai um "vento forte" levantando as penas das galinhas, com isso não precisa molhar tanto as aves.
Nessas granjas algumas não estavam alteradas a produção em outras já estavam ficando 2 a 5 % abaixo do pique de produção e em alguns lotes chegar no pique e depois tiveram uma queda de 8%.
Pelo que pude observar até agora , esta indicando que como quase todo os agentes que causam danos aos animais tem que ter um grau de infestação para nos chamar a atenção.
Quanto a primeira granja comentada esperamos aproximadamente 30 dias e repetimos porque o exame da lamina lamínula no microscópio nos apresentou uma enormidade de ácaros adultos  e ninfas mortos porém apresentava uma leve presença de ácaros vivos e ovos.
Em junho de 2012 ainda apresentavam leve infestação, que fica muito mais difícil de eliminar 100% devido a pouca mão de obra na colônia e também a ma freqüência das aplicações, já que somente alguns produtores tem na equipe de funcionários alguém que tem aquele algo a mais e que tenha curiosidade além de cumprir as tarefas normais, eu particularmente acredito que todos os criadores são uns heróis.
Já que são obrigados a criar, vender e cobrar , e ainda muitas vezes supervisionar a parte técnica trabalho esse que deve ser feito mas cada vez esta sendo menor pelos técnicos agrícolas, veterinários, zootecnistas que estão em contato de alguma forma ou vendendo Premix ou vendendo medicamentos ou vendendo vacinas ou até mesmo pintos etc... Mas infelizmente tem muitos profissionais que não pisam mais dentro de um aviário. Os motivos não interessa  o que interessa é que todos se dêem bem e se para isso nós técnicos tivermos que irmos de aviário em aviário varias vezes ao mês deve ser feito.
Hoje fevereiro de 2013 todos que apresentavam a infestação em 2011, ainda tem a presença. Menor porque na primavera ou verão aplicam por spray acaricidas. Mas é ótimo lembrar que é melhor 3 aplicações   de 5 em 5 dias do que 5 aplicações de 7 em 7 dias, quando a temperatura for acima de 20° C.
Neste trabalho tive na parte de laboratório ajuda preciosa do Dr. Obiratã Rodrigues e Dra. Andreia Ferronatto.

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